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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Gay? Mas você nem demonstra!

Uma das coisas que mais ouço quando as pessoas descobrem que sou gay é: "No início foi difícil acreditar. Você nem demonstra". Surge então o questionamento: O que significa demonstrar? Baseadas em quê as pessoas concluem se alguém é ou não homossexual?

[caption id="attachment_212" align="alignright" width="155" caption="Estereótipos da Homossexualidade - Gay Caricato"]Estereótipos da Homossexualidade - Gay Caricato[/caption]

Estereótipo é a palavra. Falsas construções mentais que surgem e se difundem na sociedade, fortalecidos pelos meios de comunicação. Se é difícil para as pessoas imaginar um gay não efeminado ou uma lésbica não masculina, isso deve-se à força desses pré-conceitos.

Torna-se fácil, então, entender o medo de "sair do armário". Os estereótipos acerca da homossexualidade nos fazem ser taxados de depravados e sem compromisso, além de ainda nos incluírem absurdamente como grupo de risco em relação à exposição ao vírus HIV, nos postos de coleta de sangue.

Numa cidade do interior, os estereótipos reforçam-se ainda mais, devido ao pouco contato com grupos sociais fora dos "padrões de normalidade", como pessoas assumidamente homossexuais. Dessa forma, inicia-se um ciclo que reforça ainda mais os estereótipos. O homossexual, sabendo do estigma que ao carregar esses rótulos estará exposto, tende a se isolar, diminuindo o contato da sociedade com oportunidades de experiências novas e que poderiam derrubar aos poucos os estereótipos.

Outra reação comum que enfrento, junto ao meu parceiro é a conclusão que eu sou o "homem da casa" ou, no âmbito sexual, eu sou o ativo, porque ele demonstra mais ser gay, por ser extrovertido. Mais um estereótipo, mais um questionamento: Precisa parecer "machão" para ser ativo? Todo passivo tem que ser efeminado, ou ainda, todo efeminado é passivo?

Como pessoas "vítimas" dos estereótipos, percebemos que eles não se aplicam a toda a comunidade homossexual (até porque senão não seriam estereótipos). Nós, que nos sentimos atraídos por pessoas do mesmo sexo, somos gays, lésbicas, bissexuais. Somos travestis, transsexuais ou drag-queens. Somos homens efeminados ou não e mulheres masculinas ou feminíssimas e, acima de tudo, não há entre nós melhores ou piores, assim como não sou superior ao meu parceiro somente porque eu "nem demonstro".

Essa é uma questão que não se aplica somente aos homossexuais. É preciso banir qualquer estereótipo, apagar as imagens pejorativas que afetam os grupos sociais estigmatizados. Para isso, deixo aqui duas propostas. A primeira é começar a extinguir os estereótipos por você. Quais são os seus preconceitos? E a segunda proposta é, na verdade, um desafio a fazer algo no seu meio de convívio, respeitando os seus limites, mas com uma dose de ousadia. Promíscuo ou com relacionamento estável, efeminado ou não, mostre às pessoas sua essência, as suas virtudes e que você está acima de qualquer rótulo, como as "bichas" caricatas que estamos acostumados a ver nos programas de humor.

Marcel Guérios (texto publicado orignalmente na TVTudo em 2005)
mguerios@ibest.com.br

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